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And the city

  • Foto do escritor: Letícia Garcia
    Letícia Garcia
  • 3 de set. de 2021
  • 3 min de leitura

Atualizado: 1 de out. de 2021

E foi exatamente o que eu imaginava. Despertando uma sensação de pertencimento por estar na cidade, por me apaixonar pela cidade, por estar solteira, por morar sozinha.


“Ela deve estar querendo convencer a si mesma disso”, você talvez pense. Por algum tempo, achei que estivesse mesmo. Mas volta e meia me vem relances da última vez em que estive em um relacionamento e o que mais lembro é de me sentir desconfortável quando tentava ser eu mesma. Claro que, na época, eu não notava isso. Os momentos bons eram dentro do quarto, e nem todos eram bons também. A parte social eu odiava. Talvez porque fôssemos muito diferentes? Não importa, eu me sentia representando uma versão menor de mim mesma. Não deve ser sempre assim, claro. Mas na época foi. E agora eu estou é realizada por estar na solitude.


Foto: Divulgação HBO

Vendo a série, em especial a primeira temporada, sinto falta e sei que poderia aproveitar um grupo de amigas solteiras. Nossa, isso me faria muito bem. Mas as amigas mais próximas, ao estilo Carrie-Charlotte-Samantha-Miranda, estão todas em relacionamentos, fazer o quê. Algumas vezes, que a deusa me ajude, é difícil até de conseguir encontrar algumas sozinhas. Quando preciso de privacidade na conversa, convido para o meu apê, sem mencionar o boy. Para manter este último recanto livre para a amizade plena e poder dividir certos pensamentos apenas com as amigas que amo.


Estamos todas na busca desesperada por companhia masculina, não é? É o que nos ensinam. Direcionando esforços em festas, aplicativos e onde mais houver chance de conseguir um relacionamento. Eu sei, eu acabo fazendo isso também — talvez com menos entusiasmo e vontade do que minhas amigas, mas faço. E talvez por isso elas tenham sido bem-sucedidas (?) na busca por um parceiro, enquanto eu estou aqui no meu pequeno apartamento no centro da cidade. E, na real, não poderia estar mais feliz.


“Sex and the city” não foi exatamente uma surpresa, porque eu já esperava o que recebi. Mas às vezes é tão bom receber o que a gente espera, né? Nuances leves de surpresa, mas a percepção prévia acertada. Gostei da série, inclusive já estou assistindo de novo. Às vezes parece superficial demais, tudo girando em torno de relacionamentos… Mas somos seres sociais, no fim. Frequentemente minhas leituras feministas se interpõem entre meu olhar e a tela e tenho muito a criticar. Mas também acontece de saltar dali uma abordagem inesperada e prafrentex. No geral, o ambiente e as personagens, diferentes entre si, me cativaram. E é um dos raros casos em que a série ficou melhor que o livro.

Carrie ser uma escritora, claro, tem o seu charme para mim. O clássico da tecnologia dos anos 90, celulares “tijolões” e o laptop quadradinho, aparecem volta e meia. E ela escrevendo no computador. Adoro o barulho dos dedos no teclado, quase tanto quanto o da caneta no papel. Ser jornalista requer muito mais juntar pedaços de histórias — eu descobri com o tempo — do que escrever por conta, então os dedos são interrompidos por arrastar de trechos e recortes de pedaços. Não são longos parágrafos contínuos de puro tec tec tec. Então me sinto bem ao escrever meus pensamentos, como faz a Carrie. Apenas esse barulho das teclas e de alguma música suave que eu esteja ouvindo junto, talvez John Coltrane ou Dave Brubeck, talvez acompanhada do latido do cachorro do vizinho ou de uma sirene ao longe. No mais, apenas eu mesma, escrevendo, como faço sempre. E, como sempre, me faz bem.

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