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Itinerante

  • Foto do escritor: Letícia Garcia
    Letícia Garcia
  • 6 de out. de 2021
  • 2 min de leitura

Viajei para uma terra estrangeira. Eram rostos e histórias e hotéis e paisagens e sabores e fotos e visões. Era viagem de descobertas, de mim e dos outros, culturas de papel e cheiros, pedaços de pessoas pedindo passagem. Um eu de bagagem.

Viajei para a praia com amigos. Eram bugigangas e biquínis e risadas e areia e histórias e olhares e sorvetes e cartas de baralho. Era viagem de juventude, do tempo infinito dentro de um dia, de sol batendo nos cabelos, de suor e risos. Um eu sem preocupações.


Viajei com a família, para visitar parentes. Eram recordações e almoços e conversas e histórias e passeios e presentes e crianças. Era viagem de aconchego, de sentir-se dentro da redoma, que se sacode e não mostra a neve caindo, mas retalhos de vidas que se veem na gente. Um eu de pertencimento.


Viajei com um bem-querer. Eram escolhas e sussurros e histórias e desejos e planos e cinema e dúvidas e fim. Era viagem curta, ao acaso, quando se queria o felizes para nunca mais sofrer, que se tenta, que se aprende, que se procura. Um eu esperançoso.


Viajei nas ruas da cidade. Eram vozes e carros e prédios e placas e histórias e preços e fumaça e folhas. Era viagem diária, quase desatenta, encharcada de chuva e de cotidiano, um caminho de rotina às vezes surpreendido por um sorriso de canto ou um cantar solitário. Um eu de olhares.


Viajei em um livro. Eram segredos e personagens e reflexões e reflexos e reviravoltas e insights e histórias e mergulhos. Era viagem infinita, para perder-se em palavras que não eram minhas, mas que fazia minhas, que faço minhas, e depois achar-se diferente no final. Um eu que se transforma.


Viajei para dentro de mim. Eram rostos e bugigangas e recordações e escolhas e vozes e segredos e histórias e histórias e histórias. É viagem constante, para cada pedaço que eu construo e que me constrói, pedaços que crescem, mudam e estendem-se para fora de mim, enraízam-se dentro dos outros. Sou eu, és tu, somos nós: passageiros.

Crônica originalmente publicada no livro “Santa Sede 7: crônicas de botequim”, disponível aqui.

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