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Destravando a mão

  • Foto do escritor: Letícia Garcia
    Letícia Garcia
  • 18 de ago. de 2021
  • 2 min de leitura

Atualizado: 8 de out. de 2024


Acho que finalmente destravei a mão da escrita.


Sim, eu estou travada há tempos. O combo da pandemia-isolamento-insegurança, claro, teve seu espaço nisso. Então resolvi investir num curso de escrita criativa (o da Clara Corleone), desta vez sem pretensões de “quero-escrever-meu-livro-finalmente”, mas com um objetivo bem mais imediato: quero destravar a escrita. Porque não sabia o que andava acontecendo comigo.

Hoje, último dia do curso, acho que descobri o problema principal: minha cabeça está funcionando 100% do tempo como a cabeça de uma jornalista. Cada texto que eu penso em publicar, aqui ou no site, tem que ser O Melhor Texto Que Sou Capaz De Fazer sobre aquele assunto, cobrindo todas as possibilidades.


Mas aí o que acontece por causa disso? Eu demoro horrores pra escrever cada mísero texto, porque ele tem que ser, irrealisticamente, um texto sem defeitos (spoiler: todo texto tem defeitos, talvez só Allende se salve desta).


Aí o pensamento era mais ou menos assim: como eu posso publicar um texto sobre “A fúria”, da Silvina Ocampo, sem muito estudo sobre o período, sem dar uma conferida no que os outros estão falando da obra, sem pesquisar sobre a história da autora, sem reler os contos principais pelo menos uma vez, sem revisar ortografia e gramática de tudo o que escrevi trocentas vezes?


Só que as análises literárias não são meu ganha-pão, né. Eu trabalho um número fixo de horas diárias para uma empresa e às vezes saio tão esgotada que a última coisa que quero é fazer mais pesquisa. E aí a parte do texto que realmente importa — meu olhar pessoal sobre “A fúria” — acaba nunca saindo para o mundo porque acho que não pesquisei o suficiente, que só minha avaliação não é o suficiente.


Só que, sabe? Às vezes é, sim.


O engraçado é que estes pensamentos são recentes. Tudo isso pode ter origem na malfadada busca pela impossível perfeição. Ou pode ser só síndrome de impostora mesmo, me impedindo de completar qualquer coisa. Tá pensando no ditado "feito é melhor que perfeito" também? Pois é.


Então vamos ter algumas mudanças por aqui.


Minha ideia sempre foi provocar conversas e reflexões a partir do que leio, compartilhar minhas impressões e ver se elas têm eco em algum lugar por aí. E isso nunca vai acontecer (dr. óbvio) se meus textos ficarem só na minha cabeça. Então a ideia aqui-agora é parar de ser tão crítica comigo mesma e com o que escrevo. E postar coisas pela metade, sim, coisas que pensei quando li. Textos mais curtos, sem o objetivo de serem o maior tratado sobre a obra, sem aquela pesquisa enorme que na real ninguém nota além de eu mesma.


Foi graças ao curso da Clara (e também ao livro dela, leitura destrava que é uma beleza, vou falar dele em breve aqui) que finalmente percebi isso tudo que estava me travando. Já chega disso. "Não sufoquem suas ideias", ela disse. E faz todo o sentido.


Vou empurrar para o lado a parte da autocobrança julgadora e também a busca por uma perfeição impossível. Vou puxar para perto e deixar fluir e dar todo o espaço merecido à parte de mim que escreve simplesmente porque precisa escrever.

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