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Da fantasia ao feminismo: leituras do primeiro semestre

  • Foto do escritor: Letícia Garcia
    Letícia Garcia
  • 1 de jul. de 2021
  • 7 min de leitura

Amizades em LCs, variedade e a amplitude da literatura. Retomo meus escritos aqui com breves resenhas dos livros lidos de janeiro a junho de 2021, para inspirar leituras.



Eu sei, eu sei: sumi por mais de dois meses e isso não se faz. Principalmente se quero ganhar alcance na internet e fidelizar você, cara leitora, caro leitor. Negligenciei um pouco este meu projeto pessoal, engolida pelas obrigações da rotina. Mas finalmente estou voltando, com sinceros planos de constância.

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Conhecer gente nova

Ontem, encerrei o semestre com 19 livros concluídos — ou melhor 18,5, porque ficou um pedacinho da Simone por terminar. Chegar a este número foi uma surpresa, considerando todas as circunstâncias deste meu primeiro semestre (mas isso é assunto para outro texto...). Aconteceu de eu ler bastante no primeiro trimestre, estimulada, acima de tudo, por muitas leituras coletivas (LCs).


Basta dizer que, do total, foram 14 livros ligados a alguma LC — vários para o clube de leitura Tinha que Ser Mulher, três para a Jornada Tolkien do Leia Antes de Morrer e alguns para encontros locais da TAG Livros, por exemplo. Desde o início da pandemia, percebi a importância de seguir encontrando virtualmente as pessoas, e, este ano, o movimento foi de conhecer gente nova e fazer amizades.


Mestre da fantasia

A primeira LC que preciso destacar é a Jornada Tolkien, da querida tolkienista Any. Começou lá em fevereiro com “O hobbit” e acabou se tornando um projeto de leitura de todas as obras do professor Tolkien — no meu caso, de releituras de muitas delas.


O grupo reúne pessoas maravilhosas, apaixonadas pela obra de Tolkien e dispostas a apreciar e divulgar o universo da Terra-Média. Com muitas delas criei um vínculo real de amizade, apesar de nos conhecermos só virtualmente. Um grupo que foi além da leitura para construir laços, inspirado pelas lições do professor.


1. "O hobbit", J. R. R. Tolkien

“Numa toca no chão, vivia um hobbit.” Bilbo Bolseiro é o primeiro personagem apresentado por Tolkien de todo o seu mundo maravilhoso. Neste livro, Bilbo embarca numa jornada inesperada ao lado de 13 anões e do mago Gandalf para recuperar o tesouro guardado por um temível dragão — mas acaba encontrando um item curioso pelo caminho. No meio de toda a aventura, temas como coragem e amizade são abordados de forma sensível e magistral.


2. "O senhor dos anéis: a sociedade do anel", J. R. R. Tolkien

“O senhor dos anéis” foi criado como uma sequência de “O hobbit” e, para mim, é uma obra infinitamente mais densa e envolvente. Frodo Bolseiro, sobrinho de Bilbo, se vê enredado na trama do Um Anel, o anel de poder que pode definir o destino da Terra-Média. Aqui conhecemos outros povos e territórios e somos apresentados a personagens marcantes da literatura de fantasia, com destaque para toda a comitiva do anel: além de Frodo, os homens Aragorn e Boromir, o elfo Legolas, o anão Gimli, os hobbits Sam, Merry, Pippin e o já conhecido mago Gandalf. Uma obra repleta de mensagens sobre esperança, decisões e novamente a amizade, um tema precioso para Tolkien.


3. "O senhor dos anéis: as duas torres", J. R. R. Tolkien

A sequência da história nos leva ao meu lugar favorito da Terra-Média: Rohan, terra dos senhores dos cavalos e lar de Éowyn, uma das minhas personagens preferidas. Destaque também para a Floresta de Fangorn e para Barbárvore. Nesta obra e na seguinte, a raça dos homens ganha mais espaço, assim como o caminho de Frodo e o entrelaçamento de sua história com Gollum.


Assinatura de livros

Depois de anos namorando a TAG Livros de longe, finalmente consegui investir e este ano estou recebendo, mensalmente, os livros do plano TAG Inéditos. No primeiro semestre, li apenas dois deles, que têm em comum uma extraordinária fluidez de leitura e a abordagem de temas atuais e relevantes.


4. "Longo e claro rio", Liz Moore

Neste thriller, uma policial que tenta desvendar uma série de crimes na Filadélfia enquanto procura, ao mesmo tempo, encontrar sua irmã, viciada em drogas. Violência, vício e relações familiares são abordados nesta obra de forma cuidadosa. Ver uma protagonista mulher num suspense escrito por uma autora contemporânea traz uma perspectiva feminina atual, dificilmente encontrada neste gênero literário — e ressalta o quanto precisamos de mais obras assim.


5. "Eu não sei quem você é", Penny Hancock

Consentimento e uma acusão de estupro são os pesados temas desta livro. A meu ver, a autora acabou se perdendo ao abordar de forma leviana situações extremamente delicadas de regra e exceção — pelo menos para leitores brasileiros, muitos dos quais ainda vagueiam num limbo de entendimento a respeito de tópicos sobre abuso. O acerto está em levantar o debate sobre nunca conhecermos uma pessoa plenamente, mesmo após anos de convivência, e o quanto o amor pode nublar a visão.


Participei de alguns encontros do grupo local da TAG Inéditos Porto Alegre e neles tive a felicidade de conhecer a Carol Schäffer, que começou a organizar LCs de um tema pelo qual tenho total interesse: feminismo.


Sejamos feministas

Carol criou duas LCs: uma do livro “Mulheres que correm com os lobos”, de Clarissa Pinkola Estés, que sigo lendo (apesar de ter muitas ressalvas a fazer deste livro…) e o grupo FE MI NIS TAS, que vai ler obras sobre feminismos. Essa ideia se conectou muito a outra leitura que estou fazendo: “O segundo sexo”, que leio em um grupo de estudos do Tinha que Ser Mulher para as madrinhas do projeto.


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6. "Sejamos todos feministas", Chimamanda Ngozi Adichie

64 páginas para mostrar que o feminismo é o caminho para uma sociedade mais justa. Esta obra introdutória é baseada numa palestra da reconhecidíssima autora nigeriana. É leve e introduz o tema para quem ainda tem dúvidas sobre o que querem os movimentos feministas — e deixa claro que é um caminho que fará bem para mulheres e homens.


7. "O segundo sexo, volume 1: fatos e mitos", Simone de Beauvoir

Obra fundamental para quem busca estudar feminismos, este primeiro volume foca em questões biológicas, psicanalíticas e históricas, além de abordar mitos ligados à mulher. É preciso dizer que é uma leitura difícil, pois Simone vai fundo no seu apanhado para desmentir as estruturas criadas para confinar a mulher ao lugar de Outro. Facilita muito ler o livro em grupo. Ela continua seu estudo no volume 2, “A experiência vivida”, que vou ler na sequência..


Mais autoras

Um movimento que venho fazendo desde 2018 é o de incluir mais mulheres na minha estante — elas que foram tão negligenciadas por tantos anos das recomendações literárias.


8. "No seu pescoço", Chimamanda Ngozi Adichie

O encantamento pela narrativa de Chimamanda, uma vez despertado, é insaciável. Está nos meus planos ler todos os escritos dessa autora inspiradora. Depois do romance “Americanah”, resolvi conhecer seus contos nesta obra que traz temáticas diversas com personagens diversos.


9. "Eu sou macuxi e outras histórias", Julie Dorrico

Autora indígena e Dra. em Teoria da Literatura, Julie valoriza sua trajetória e suas raízes. O livro passa por contos e ensinamentos ligados à memória afetiva e ancestral da autora. “Não há fronteiras para o pertencimento.”


10. "Comer, rezar, amar", Elizabeth Gilbert

Era para ser uma leitura para relaxar, apenas, e acabou me surpreendendo com interessantes questionamentos. É o relato muito bem escrito de uma viagem (literal e metafórica) de autodescoberta da autora. Não concordei com alguns posicionamentos, concordei com outros, e este livro se tornou uma conversa com Elizabeth ao longo das páginas. “O melhor que podemos fazer em relação a nosso mundo incompreensível e perigoso é praticar o equilíbrio interno — por maior que seja a insanidade que exista do lado de fora.”


11. "A morte no Nilo", Agatha Christie

A rainha do crime em mais um romance vira-página. Apesar de alguns anacronismos — incluindo opiniões e descrições um tanto sexistas —, a obra segue sendo um clássico da literatura de suspense, acompanhando a investigação do detetive Hercule Poirot de um assassinato em um navio, com inúmeros suspeitos.


Relações entre mulheres

Nas leituras mensais com as mulheres do Tinha, percebemos que voltamos a um mesmo tema mais de uma vez ao longo do primeiro semestre: a relação entre mães e filhas.


12. "Morra, amor", Ariana Harwicz

A corajosa obra desta surpreendente autora argentina aborda a complexidade da maternidade e das relações humanas. A beleza da escrita (que me lembrou em diversos momentos Clarice Lispector, uma das minhas autoras favoritas) se contrapõe a uma história cheia de momentos duros e tensos. Não por acaso, Ariana é um dos destaques contemporâneos na literatura latino-americana.


13. "Noite em Caracas", Karina Sainz Borgo

Tendo como pano de fundo a crise e os conflitos da Venezuela, acompanhamos a história de uma mulher que perdeu a mãe e busca se reencontrar, ao mesmo tempo em que reescreve a própria identidade e a vida em busca de segurança. Com escrita fluida, a obra pode ser melhor aproveitada se estivermos a par do contexto histórico do país.


14. "Uma duas", Eliane Brum

Este único romance da jornalista gaúcha aborda a relação disfuncional entre uma mãe idosa e uma filha adulta, repleta de traumas e pontos abertos. Um livro incômodo, cru e belo, com a escrita fenomenal de Eliane abordando todos os lados da intrincada relação entre mãe e filha, que costuma ser sacralizada pela sociedade. Uma leitura valiosa, mas que vai trazer desconforto.


Clássicos de muitos gêneros

Nesta primeira metade do ano, alguns poucos clássicos passaram pelas minhas mãos.

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15. "A casa dos espíritos", Isabel Allende

Allende é fenomenal em todos os aspectos: na escrita envolvente, na temática relevante e nos posicionamentos e reflexões. Seu primeiro e mais célebre romance conta a história de gerações de uma mesma família. Aborda a relação entre as mulheres e o clima de um país que se perdeu na ditadura. Uma obra tão intensa e incrível que algumas linhas não são suficientes para descrevê-la — então dediquei a ela um texto inteiro aqui.


16. "1984", George Orwell

Uma das distopias mais influentes e necessárias, “1984” se atualiza a cada releitura. Em um mundo de guerras constantes, o mundo é controlado por regimes autoritários que cerceiam todas as liberdades, incluindo a de pensamento, a partir de uma vigilância constante. Até que Winston resolve buscar um caminho para fora disso. A proximidade com algumas situações contemporâneas a nós brasileiros é aterradora. Estive na organização de uma LC da obra a convite da Kaly Simões, do bookstagram Tia Kah Resenha, ao lado da Jaque, do Estante da Jaquinha.


17. "Melhores poemas", Cora Coralina

Meu primeiro contato com a poesia da escritora brasileira foi a partir dessa coletânea, que faz um apanhado de toda a sua obra. Cora publicou seu primeiro livro aos 76 anos e, em seus poemas de versos livres, recupera temas como infância, memória e sua terra natal, Goiás.


Trabalho e gastronomia

Para finalizar, li duas obras ligadas ao meu trabalho na Revista da Cerveja e na Revista do Queijo.


18. "O livro do queijo", Juliet Harbutt (org.)

Mais de 750 queijos de 32 países organizadas de forma sucinta e prática para consulta. Interessante para quem está descobrindo o universo queijeiro, mas também para especialistas que querem informações sempre à mão. Minha resenha da obra foi publicada na Revista do Queijo nº 3.


19. "Lúpulo: guia prático para o aroma, amargor e cultivo de lúpulos", Stan Hieronymus

O reconhecido especialista aborda diversas facetas desta flor cervejeira, do aroma à história, do mercado ao cultivo. Traduzido para o português pela Editora Krater, é parte da Brewing Elements Series da Brewers Publications, setor editorial da Brewers Association. A resenha completa está na Revista da Cerveja nº 52.


Já leu algum desses livros? Ficou com vontade de ler? Quer que eu fale mais sobre algum deles? Me chama e vamos conversar 😘 Nos vemos em breve!

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